Intolerância religiosa

Dia 21 de janeiro, dia mundial da religião e dia nacional de combate à intolerância religiosa, desejo dedicar a minha colaboração a esta importante conscientização, através deste breve texto.

O Estado brasileiro é laico, óbvio. Tão óbvio quanto afirmar que laicismo não deve ser confundido com antiteísmo. A laicidade não se expressa na eliminação dos símbolos religiosos, mas no respeito a eles. O contrário deste respeito é a intolerância, que  leva muitos cidadãos, em sua maioria religiosos, a se esconderem por trás desta prerrogativa para praticar a perseguição religiosa, seja através do pedido de retirada de símbolos religiosos das dependências do judiciário, seja pela extinção de feriados religiosos, nomes de ruas e de cidades e seus padroeiros.

O fato de o país ter uma formação histórico-cultural cristã explica a existência de tais símbolos. O que precisa ser combatido, ao invés disso, é a intolerância religiosa que se expressa justamente quando alguém se incomoda com a opção e o sentimento religioso alheios, o que inclui a vontade de eliminar símbolos religiosos, e até mesmo as atitudes ofensivas e depreciativas expressas através de comentários, em geral, de protestantes neste blog.

O fato de o Estado ser laico não significa que nele não possa haver expressão religiosa, mas sim que todas as religiões que existem nele devem ser respeitadas, sobretudo com suas formas de expressão. Querer sustentar que o estado é laico com o objetivo de retirar os santos e crucifixos ilustra o oportunismo daquele que possui dificuldade de entender e respeitar a diversidade religiosa.

A recusa à existência de Deus, ou a qualquer religião, parece ter originado a nova modalidade religiosa: o antiteísmo. Se por um lado temos o ateísmo como posição filosófica onde não se crê em divindades, vemos crescer a vertente antiteísta: a religião da não-religião, onde aquele que professa este tipo de crença não é o representante de Deus, mas o próprio ser superior. A nova religião tem a triste característica das religiões contemporâneas, ainda pouco amadurecidas, permeadas pela arrogância e prepotência de seus seguidores, sendo semelhante no desprezo à capacidade intelectual dos que não seguem a mesma linha de pensamento.

Então, a eliminação de símbolos religiosos atende aos desejos de uma vertente religiosa perfeitamente identificada. E o Estado, obviamente laico, não pode optar por uma religião em detrimento das outras. A solução é tolerar e conviver com todas as manifestações religiosas.

Além disso, se fosse possível ser feita uma escolha, não poderia ser pela visão minoritária. Obviamente, isso seria uma afronta aos direitos da minoria. Afronta semelhante à tirania da minoria que se transforma em vítima, ao invés de evoluir o pensamento de forma a entender que os símbolos que já estão por aí nas repartições públicas, nos feriados, nos nomes de ruas e de cidades, incorporando-se ao cotidiano popular de homens, mulheres e crianças, são consequência de um longo legado histórico dos católicos que começaram este país. Querer retirar os símbolos religiosos trata-se, portanto, de uma afronta ao direito do católico de conviver com este legado que concederam ao país, uma afronta a história de nosso país, e consequentemente nossa.

Retirar símbolos é fazer com que o Estado escolha por quem não crê. Como dito no início, a laicidade aceita todas as religiões ao invés de persegui-las ou tentar reduzi-las a espaços privados, como se o espaço público fosse reservado a quem se incomoda com a fé alheia.

Vale lembrar que a existência destes símbolos não fere o laicismo do Estado, pois não interferem na liberdade religiosa. A motivação em retirá-los mostra-se, por tudo isto, oportunista e ilógica.

Diga NÃO à intolerância religiosa!

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